Collor diz que Bolsonaro pode sofrer impeachment: "Estou revendo um filme que a gente já viu"

Política
18 de Novembro de 2019 08h11

“Estou revendo um filme que a gente já viu”, declarou à publicação. Também classificou erros de Bolsonaro como “primários”. “Continuando do jeito que está, não vejo como este governo possa dar certo

Twitter: @ItapebiAcontece

Imagem: Reprodução

Retirado da presidência da República por um processo de impeachment em 1992, Fernando Collor afirmou que o mesmo pode acontecer com Jair Bolsonaro. Em entrevista ao jornal O Globo, o senador por Alagoas disse ver no atual governo os mesmos erros que ele cometeu ao ser eleito em 1989, há 30 anos. 

“Estou revendo um filme que a gente já viu”, declarou à publicação. Também classificou erros de Bolsonaro como “primários”. “Continuando do jeito que está, não vejo como este governo possa dar certo. São erros primários. Bolsonaro esteve na Câmara por 28 anos, viu como se forma um movimento numa casa em que o chefe do Executivo não dispõe de maioria”, afirmou sobre a estratégia do presidente de não formar base no Congresso.

Para o parlamentar alagoano, o tratamento que Bolsonaro tem dado ao PSL é incorreto e vai levá-lo ao “desassossego”. Collor acredita que, logo no início do governo, o presidente de extrema-direita deveria ter dado prioridade aos deputados de seu agora ex-partido. 

“Vejo semelhança entre o tratamento que eu concedi ao PRN e o que ele está conferindo ao PSL. Em outubro de 1990, nós elegemos 41 deputados. O pessoal queria espaço no governo, o que é natural. Num almoço com a bancada, eu disse: ‘Vocês não precisam de ministério nenhum. Já têm o presidente da República’. Erro crasso. [...] Logo no início, ele tinha que ter dado prioridade aos 53 deputados do PSL. E, a partir desse núcleo, construído a maioria para governar. Ele perdeu esse momento. Agora reúne a bancada para dizer que vai sair do partido? Erro crasso”, avaliou.  

Questionado sobre se vê risco de impeachment de Bolsonaro, Collor respondeu que é “uma das possibilidades”. Para ele, o presidente não se preocupa com a divisão da sociedade brasileira: “O discurso dele acentua a divisão”. Sua avaliação também é de que, com a saída do ex-presidente Lula (PT) da prisão, a polarização vai aumentar ainda mais. 

“O governo tem que ser bombeiro. Tem que entender que não está mais em campanha. Hoje uma boa parcela dos eleitores que não queriam o PT está desiludida. É preciso que alguém acorde neste governo e diga: ‘O rei está nu’”, alertou. .

Ainda segundo o senador, os filhos de Bolsonaro são uma coisa “nociva” ao governo do pai. "Os filhos exercem uma ação deletéria sobre o governo Bolsonaro. [...] Nem na época da monarquia funcionava desse jeito. Como é que o presidente dá a senha do seu Twitter? Depois é muito fácil: 'Isso não fui eu, mandei tirar'", disse Collor, que também não tem dúvida de que tudo o que os filhos falam é antes discutido com o presidente. “Depois ele [Bolsonaro] aparece contemporizando. Isso atrapalha. É outro fator de desagregação da base social dele.”

Apesar da declaração do deputado Eduardo Bolsonaro de que poderia haver um novo Ato Institucional nº 5 no Brasil, caso haja radicalização da esquerda, Collor afirmou não ver espaço para medidas de exceção no país. “Não vejo espaço para isso. Ele [Jair Bolsonaro] tem uma sensibilidade maior que nós, civis, para medir a temperatura da caserna. As Forças Armadas estão trabalhando dentro dos moldes constitucionais. Não temo (um golpe) porque confio nas Forças Armadas”, apontou.

 

ItapebiAcontece / Agência Senado

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