Juízes de Eunápolis aderem à mobilização estadual
Atualmente, mais de 30 mil processos tramitam na justiça Eunapolitana.
Twitter: @ItapebiAconteceOs juízes de Eunápolis estão engajados no Dia de Mobilização da Magistratura, que acontece nesta quarta-feira (23) em toda a Bahia. A ação, organizada pela Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), pretende alertar a sociedade e sensibilizar o Tribunal de Justiça do Estado para a necessidade de melhores condições de trabalho aos juízes nas diversas comarcas da capital e do interior.
Em Eunápolis, segundo o juiz do Juizado Especial Cível, Roberto Costa de Freitas Júnior, que também é o diretor do fórum, além de problemas na estrutura física, a pequena quantidade de juízes e servidores é outro entrave para a celeridade do trabalho. Atualmente, mais de 30 mil processos tramitam na justiça eunapolitana.
'Contamos em Eunápolis com cinco juízes - dois das varas cíveis, dois das varas criminais e um no juizado especial, quando, na realidade, nós deveríamos ter 10, segundo a Lei de Organização Judiciária da Bahia. Quanto aos servidores, atualmente trabalhamos com menos de 45, quando, na realidade, seriam necessários 164. É matemática e humanamente impossível apenas cinco juízes atender toda essa demanda’, afirma Roberto Freitas.
Foto: RADAR 64 |
IJuízes Roberto Freitas, Otaviano Andrade, Michele Quadros, Afrânio Andrade e Wilson Nunes |
Reunido nesta quarta-feira (22), véspera da mobilização, com os demais magistrados da cidade, para fazer uma avaliação dos problemas e encontrar soluções, o juiz Otaviano Andrade de Souza Sobrinho declarou que o déficit de juízes é mais uma barreira ao exercício da magistratura.
‘E o modo pelo qual nós temos que resolver este déficit é trazendo à sociedade nosso problema para que ela se engaje na luta com outros segmentos, como o Ministério Público e OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], que demandam perante o judiciário e precisam estar junto conosco nesta luta', frisou o juiz Otaviano.
Para Otaviano Andrade, o problema não se resolverá apenas com a realização de concurso público, até porque o poder judiciário não pode publicar o edital para realizar o concurso, uma vez que não há verba.
'Então, é preciso repensar, com toda a sociedade, com os demais poderes, executivo - principalmente - e o legislativo, a forma de gerir o judiciário. Nós vivemos no que se chama de limite prudencial. Ou seja, o poder judiciário não pode efetuar nenhuma despesa porque chegou ao limite e a lei de responsabilidade não permite’, disse.
Titular na 2ª Vara Cível - que também passou a acumular a Fazenda Pública e ainda juiz eleitoral da 188ª Zona, Wilson Nunes da Silva Júnior afirmou que os magistrados estão deixando claro para a sociedade que o movimento não é para justificar um atraso em sentenças ou decisões, mas procurar o apoio da sociedade. ‘Desta forma podem vir soluções para as deficiências do poder judiciário na Bahia e, principalmente, em Eunápolis’, acrescentou Wilson Nunes.
O último concurso público para servidores do judiciário estadual baiano foi realizado há mais de 10 anos. Ao longo desse período, as vagas desocupadas pelos profissionais que se aposentaram ou deixaram o cargo por outros motivos não foram preenchidas. O déficit reflete negativamente nas atividades dos fóruns e cartório.
ItapebiAcontece / Radar 64